Marcio e Amazona têm uma história encantadora que se entrelaça com a prata! Desde jovem Amazona sempre teve um espírito empreendedor e ajudava seu pai, exímio artesão, a vender nas feiras e exposições. Tem em suas origens influência da linhagem de relojoeiros suíços por parte materna e de ourives por parte paterna. Seu pai, Royer, nascido no Paraguai, aprendeu a arte da filigrana com seu tio de origem espanhola, uma técnica que é passada de geração a geração. Assim, eles mantém a tradição desse fazer ancestral.
Antes mesmo de completar dezoito anos Amazona já tinha sua loja de prata em sociedade com sua amiga Margot. Foi nessa época que ela conheceu Márcio! Começaram a trabalhar juntos e casaram-se e logo se mudaram para a Suíça. Márcio sempre sonhou em trabalhar com joias, sua paixão por essa arte começou no dia em que comprou seu primeiro anel artesanal de prata aos 12 anos em um ateliê local! Ele aprendeu o ofício com os mestres da prata de Pirenópolis e depois, com Amazona e seu pai, finalmente a filigrana!
Após viverem por cinco anos no país europeu, inundados pela saudade, se sentiram chamados a voltar ao Brasil. Com os quatro filhos pequenos, Amazona se dedicava ao lar e Márcio buscava alguns empregos disponíveis na cidade e com suas habilidades tentava várias ocupações, entretanto, as coisas pareciam não dar certo ou fazer sentido! Foi então que, inspirados, se deram conta que tinham prata guardada há muitos anos, além de pedras raras, e, principalmente, muitas ferramentas, algumas do pai de Amazona. Foi aí então que surgiu um pequeno ateliê no fundo do quintal que permitiu criarem juntos, a quatro mãos, peças que trariam transformação, sustento, alegria e orgulho para a família.
Atender esse chamado de retorno ao Brasil e para a ourivesaria foi a escolha certa, pois, foi assim que surgiu o Ateliê da Filigrana! As primeiras peças eram vendidas para algumas lojas locais que os apoiavam e os incentivavam, que valorizavam a arte da filigrana. Foi então que surgiu a necessidade de montar o próprio negócio. Mesmo com alguns receios e começando de forma tímida o trabalho dedicado do casal e de sua família rendeu bons frutos, onde o ateliê físico e a loja já estão a mais de dez anos atendendo pessoas de todo o mundo na rua do Bonfim.
Juntos, Amazona, Márcio e sua família, criam peças extraordinárias, que contam histórias e emocionam as pessoas. Cada joia é única e carrega consigo a dedicação e o amor que eles colocam em seu trabalho. Hoje incentivam os quatro filhos a seguirem este mesmo caminho e, com carinho, estão transmitindo este conhecimento e paixão para a próxima geração. Através do ensino e aprendizagem contínuos eles esperam que seus filhos também se tornem guardiões dessa técnica tão especial, preservando a tradição e encantando o mundo com suas criações!
A origem da filigrana e sua chegada as Américas:
A técnica da filigrana, uma arte intricada de trabalhar metais preciosos para criar padrões delicados e detalhados, remonta a tempos antigos. Sua origem é misteriosa, mas é frequentemente associada à região do Mediterrâneo Oriental, especialmente à Grécia, Egito, Iraque e Chipre. Os ourives dessas culturas anteriores à era cristã eram hábeis em entrelaçar fios finos de ouro e prata para formar desenhos complexos, técnica esta que se tornaria a base da filigrana.
Ao longo dos séculos, a filigrana floresceu em várias partes do mundo, incluindo a Ásia, o Oriente Médio e a Europa. Cada cultura adicionou suas próprias nuances e estilos distintos à técnica, resultando em uma ampla variedade de designs e aplicações, como o caso da famosa filigrana portuguesa.
Com o tempo, a técnica da filigrana viajou para as Américas através da colonização e do comércio. Os colonizadores espanhóis, por exemplo, trouxeram consigo suas habilidades em ourivesaria, incluindo a filigrana, durante a expansão para o Novo Mundo. No entanto, enquanto a técnica era conhecida na Europa e em outras partes do mundo, sua prática nas Américas muitas vezes se adaptava às influências locais e culturais.
Nos territórios espanhóis das Américas, a filigrana encontrou um terreno fértil para prosperar. As habilidades dos artesões locais foram combinadas com as técnicas trazidas pelos colonizadores, resultando em criações únicas que refletiam a riqueza cultural e a diversidade daqueles territórios.
Hoje, a filigrana continua a ser uma forma de arte apreciada em todo o mundo, mantendo sua beleza e complexidade atemporais. A jornada da técnica da filigrana, desde sua criação até sua chegada nas Américas, é um testemunho da habilidade humana em transformar materiais simples em obras de arte deslumbrantes, transcendendo fronteiras e culturas ao longo dos séculos.